sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

CINEMA: "127 Horas" - Épico de um homem só.

"O épico de um homem só", assim deve ser definido "172 horas"

Com direção assinada pelo homem que levou o bobo "Extermínio" e o regular "Quem Quer Ser um Bilionário?" aos cinemas, Danny Boyle consegue, desde o primeiro momento da projeção, prender a atenção do público. Optando por uma montagem incomum, mas que funciona perfeitamente para a temática do filme.

A montagem optou por algo brilhante; mostrar várias cenas ao mesmo tempo no inicio do filme, mostrando sempre detalhes. Mostrando que Aron é um rapaz hiperativo e até meio desligado - reparem a atenção dada na montagem para a torneira mal fechada -, e que de fato essas características negativas lhe renderão um acidente quase fatal num futuro há algumas horas próximo de se tornar presente. Usando, também, muitos planos onde ele olha para sua handycam encimando a rocha que esmaga suas mãos contra as paredes e grava vídeos deixando testemunhos para seus pais, falando sobre o que está acontecendo com ele, descrevendo sua experiência em tempo real.

Eu nunca, repito, nunca fui fã de James Franco. Nunca gostei dele em Homem Aranha, nunca gostei dele em qualquer outro trabalho que não tenha sido "Annapolis", sempre achei sua expressão totalmente congelada, foi um dos motivos para eu ter hesitado comprar o ingresso. No entanto, devo admitir; o cara mandou muito bem. Segurar um filme praticamente sozinho deve ter sido uma tarefa árdua, tal como a de Ryan Reynalds segurando "Enterrado Vivo", que eu ainda não tive o prazer de assistir.

James Franco está simplesmente incrível neste longa. Conseguindo passar toda a felicidade em poder contar com aquele cenário deslumbrante, com aquela liberdade tanto dentro do carro, tanto montado numa bike, tanto caminhando por rochas e mergulhando em rios. Além de conseguir nos passar toda a raiva de ter caído nessa empreitada sem uma companhia ou qualquer ligação com o mundo, ao menos uma ligação instantânea. Sua única ligação é a câmera de mão, isso caso alguém a encontre... Então, ele fica lá, 127 horas, naquela porcaria de lugar, com sua mão direita esmagado contra uma parede, tentando gastar a pedra com ferramentas jamais feitas para tal atividade na falha tentativa de soltar seu braço, tendo seu estoque de água e comida - levado apenas para horas de caminhada - levado aos poucos por seu organismo já muito debilitado; ufa! Que m****...

Não é difícil prever o que vai acontecer com o rapaz, até por que todos os críticos já estão comentando super bem sobre a tal "Cena Medonha" contida neste filme. E, se vale mais uma crítica; Medonha mesmo, embora linda, minha pressão chegou a cair no cinema. Foi tenebroso, mas lindo. Lindo por Franco manter seu tom de "Shit! I can´t die here..."

A fotografia é genial! Genial!!!...

No início do filme, ele nos mostra o quanto Aron gosta da liberdade, dos cenários de extrema larguda, do horizonte sempre ao seu redor, de música agitada, sol, calor, contato humano, sempre optando por mostrar cenas em grandíssimo plano e muitas vezes aéreas, onde o cenário fica ainda maior. E depois, mostrar como ele se sente mal, acuado e totalmente desprotegido vendo sua morte chegando a cada hora que se passa naquele lugar preso naquela rocha insuportável. Um lugar não tão arejado, mas longe de ser a claustrofobia do caixão de Reynalds, no entanto, tão claustrofóbico quanto aquele caixão ao utilizar takes de baixo para cima, mostrando um corvo voando no céu toda manhã, ou seu pé esquerdo tomando banho de sol, ou bebendo água numa garrafa que jamais duraria o tempo necessário para 127 horas, brigando contra formigas, ou até mesmo gravando vídeos com sua câmera, documentando sua gloriosa experiência...

Enfim...


"127 Horas" vale o ingresso, vale a ida ao cinema, horas preso no trânsito ou numa fila aguardando a sessão terminar para poder se acomodar. Mas, por favor, só não vale uma refeição tão em cima da hora, pois ninguém quer ver os dejetos do seu almoço espalhados no chão do cinema, o.k.?

 
Trailer Legendado

Um comentário:

  1. Sempre gostei muito do James Franco. Sempre disse que esperava pelo dia em que ele ganharia um Oscar. Depois de "Milk" passei a dizer que esse dia estaria chegando. E eis que ele é indicado e, como você deve ter visto, recebeu muitos elogios. Vou torcer por ele, mas, se não for dessa vez, tudo bem, acho que ser indicado já é um grande reconhecimento...
    Achei o filme muito bom! É incrível como ele consegue prender a atenção sendo tão estático.

    Parabéns pelo seu texto! :D

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