quinta-feira, 3 de setembro de 2009

REALIDADE: Voltando da Faculdade


Estou eu, em pé, na parte da frente de um ónibus lotaaaaado, conversando com um amigo. Quando o motorista abre a porta e vejo uma mulher abatida entrar, escorregando no primeiro degrau, no ônibus...

Ela se prende à uma das grades e fica ali, de cabeça baixa, enquanto os passageiros até aqui acomodados na parte de trás do veículo deixam-no. No mínimo, quase imperceptível balanço provocado pela saída destes passageiros, a mulher olhou pro motorista e disse, com aquela voz arrastada de uma legítima bêbada:

- Num tá inu muitu rápidu não, seu moturista?

Escutei aquilo e olhei para o lado, já expressando uma ligeira vontade de rir... Pra falar a verdade não sei como consegui controlar, acho que foi minha educação, falou mais alto. Se já é detestável ver um homem alcoolizado, imaginem uma mulher? E nem era lá tão velha!

O motorista deste ônibus corre um pouco, até assusta de vez em quando. Em algumas curvas excessivamente rápidas, a mulher tombava um pouco pro meu lado, presa à grade. E eu olhando pro lado, pensando; "Putz! Já vi que essa mulher vai vomitar em mim já, já!"...

Quando, enfim ela deu sinal:

- Seu muturista... Vô para aqui memo, podi abri a pota?

Ela desceu do ônibus e foi cambaleando pela rua até chegar à um portão enferrujado e pequeno com acesso à um corredorzinho escuríssimo. O motorista olhou pra mim e eu comecei a rir, ele e meu amigo também... A essa altura o ônibus já não estava tão cheio, aí fui para trás, preparado para saltar no ponto...

Sinto pena destas pessoas. Não as conheço para julgar, mesmo se conhecesse não julgaria. Mas o que leva esta pessoa a encher a cara no buteco? A falta de dinheiro? (como ela paga pela bebida?) A falta de alguém ao lado? Mistérios da vida...

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